05/28/2025
06:10:07 AM
Vícios modernos e saúde mental: simpósio no Recreio
propõe novo olhar sobre a dependência química no Brasil
O uso de vapes entre adolescentes, o consumo de álcool
mascarado por tendências digitais, o avanço silencioso de medicamentos
controlados e a crescente normalização do uso recreativo da cannabis compõem o
cenário de uma dependência química contemporânea mais sofisticada e socialmente
aceita. Essa epidemia, muitas vezes invisível e disfarçada de estilo de vida,
tem provocado efeitos diretos em escolas, famílias, empresas e instituições
religiosas — exigindo uma resposta ampla e qualificada da sociedade.Diante
dessa realidade, será realizado no próximo dia 31 de maio, na Tenda Viva –
Igreja do Recreio, o 2º Simpósio de Dependência Química – Conhecimento que Gera
Transformação. Organizado pelo Centro de Cuidado Humano (CCH), o evento é
bienal e ocorre no mês de aniversário da instituição, como parte de sua missão
de compartilhar conhecimento relevante na prevenção e no tratamento dos
transtornos por uso de substâncias.
Com sete palestras temáticas, mesa redonda de trocas e
estandes informativos, o simpósio vai reunir especialistas de referência
nacional para lançar luz sobre os desafios e as possibilidades de enfrentamento
da dependência química no Brasil. O evento é voltado tanto para profissionais
da saúde mental quanto para familiares, educadores, líderes religiosos,
empresários e o público em geral.
A Coordenadora do Centro de Cuidado Humano, Roberta Portela,
uma das organizadoras do encontro, destaca que o simpósio busca provocar
impacto por meio do conhecimento aplicado. Segundo ela, a proposta é alcançar
diferentes segmentos sociais — da escola ao ambiente corporativo, da igreja à
vida doméstica — com temas atuais e relevantes para a sociedade contemporânea.
“As mesas de trocas proporcionarão o compartilhamento de dúvidas, debates
técnicos e clareza em diversas questões, que muitas vezes são silenciadas em
ambientes públicos e políticos”, explica Roberta.
O evento também representa o fortalecimento de uma
iniciativa que, mesmo sem investimentos governamentais, mantém-se ativa e
isenta na missão de restaurar vidas. “O Centro de Cuidado Humano é fruto da
consciência de um grupo que acredita na transformação por meio da informação e
do cuidado ético”, reforça a coordenadora.
Temas e programação
No turno da manhã, a assistente social Andresa Gouveia,
mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RJ e docente de cursos de pós-graduação
na área de dependência, abre o simpósio com a palestra “Percepções de risco no
uso da cannabis – discutindo a legalização”, abordando os impactos sociais e
clínicos da flexibilização do consumo e os desafios das políticas públicas
nesse campo.
Em seguida, o psicólogo Luiz Guilherme da Rocha Pinto,
professor da PUC-Rio e mestre pela Universidad de Deusto (Espanha), apresenta a
palestra “Prevenção e Tratamento do uso de álcool e outras drogas”, explorando
estratégias baseadas em evidências e alternativas terapêuticas para um problema
crônico de saúde pública.
Fechando a manhã, o psicólogo Alexandre Brito, fundador do
COMAD/Niterói e referência em políticas públicas sobre drogas, trata do tema
“Riscos para adolescentes e jovens no uso de substâncias”, com foco especial no
uso crescente de vape, que tem seduzido jovens e adolescentes por sua estética
e acessibilidade.
Durante a tarde, o simpósio segue com a palestra
“Comunidades terapêuticas, valoração da dignidade humana e novas diretrizes na
legislação”, apresentada pelo especialista em dependência química e teólogo
Nelson Massambani, que também integra o Conselho Administrativo da Cruz Azul no
Brasil. Ele trará um panorama atualizado sobre a legislação vigente e o papel
das comunidades terapêuticas no acolhimento e na reinserção social.
Na sequência, a psicóloga Selene Franco Barreto, presidente
da ABEAD e uma das mais respeitadas especialistas do país na área de prevenção
ao uso de substâncias, conduz o painel “Recortes por gênero no tratamento e uso
de substâncias”, propondo uma análise técnica sobre os impactos da dependência
em diferentes públicos, com foco em equidade no tratamento.
Já a psicóloga Ana Paula Café, fundadora do Núcleo Integrado
e com atuação em projetos da SENAD e Ministério da Defesa, apresenta a palestra
“Saúde mental e TUS no ambiente de trabalho”, abordando como o estresse
ocupacional e a cultura da produtividade têm favorecido o uso de substâncias em
contextos profissionais.
Encerrando a programação, a pedagoga e teóloga Christiane
Roswitha Massambani, autora e fundadora do movimento Caminhada de Restauração,
assume a palestra “Família e Transformação – superando a dependência química
através do conhecimento”, promovendo uma reflexão sensível e estruturada sobre
o papel do núcleo familiar no processo de recuperação.
Conexão entre vozes, vivências e caminhos de cura
O simpósio se diferencia não apenas pela qualidade técnica
dos palestrantes, mas por seu ambiente plural e acolhedor. A mesa redonda de
encerramento funcionará como espaço de escuta, troca e articulação entre
participantes e especialistas. A proposta é que o público possa esclarecer
dúvidas, compartilhar experiências e ampliar sua compreensão sobre os aspectos
multifatoriais da dependência química — que envolvem saúde, família, fé,
legislação, educação e cidadania.
Além das palestras, os participantes terão acesso a estandes
de projetos sociais, iniciativas de tratamento e materiais educativos,
ampliando o contato com redes de apoio e instrumentos práticos de intervenção e
prevenção.
Fonte: DESTAKE NEWS
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